20 de dezembro de 2010

A capa do ano


Despedidas a parte, não pude me furtar de vir aqui e comentar a capa da revista Time, com Mark Zuckerberg, criador do Facebook.


Este post não pretende deter-se sobre história do genial criador da rede social mais expressiva da atualidade - finamente retratada num sério candidato a filme do ano em meu ranking pessoal (que poderá, nós próximos dias, ser desbancado pelo último do Woody Allen). Meu objetivo, mais modesto, é somente recomendar ao leitor que se detenha sobre a espantosa imagem que ilustra a capa da última Time Magazine: o inexpressivo rosto adolescente de Mark Zuckerberg. Genial o fotógrafo que a capturou.
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A capa remeteu-me a mesma expressão vazia da popular foto do poeta Rimbaud que, nas primeiras edições pockets da editora L&PM, ilustrou "Uma temporada no inferno". Neste caso, o menino Rimbaud escreveu, aos 16 anos, o maior poema em língua francesa de todos os tempos. A incômoda puerilidade do rosto de Mark, sardento e imberbe, cujo olhar atravessa o leitor de um jeito quase estúpido, contrasta dramaticamente com a chamada da matéria.
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O cabeçalho destaca o pirralho loirinho como homem do ano de 2010. Não tenho dúvidas de que, sim, ele é. A foto acentua a sensação de surpresa que o leitor vivencia ao conhecer a história de Zuckerberg. Em suma, vivemos na era em que uma nova ética de relações interpessoais foi estabelecida por gente muito jovem que não pensou profundamente nas repercussão do que estava criando.
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Todavia, o resultado pode ser mensurado pelo esforço narcísico de gerações inteiras que aprenderam a conviver com os outros de um jeito completamente novo.