23 de maio de 2010

Na Cabeceira


"Não se pode haver atalhos quando se quer conhecer profundamente uma pessoa. Isso poderia levar uma vida inteira. Mesmo que vivamos intimamente com outra pessoa, poderemos dizer que a conhecemos totalmente? Sempre, porém, tomamos alguns atalhos, e um dos mais comuns é o da estereotipia.
Quando encontramos estranhos, por exemplo, assim que soubermos de sua profissão, começaremos o processo de construção de um retrato deles. Talvez, então, comecemos a pensar que é possível colocá-los em uma categoria conhecida. Com base em nosso conhecimento prévio das pessoas que pertencem a essa categoria, podemos começar a pensar que sabemos mais a seu respeito do que de fato sabemos.
No entanto ter uma opinião mais adequada do que é mais importante e também individual em um estranho demandará muito mais trabalho. Contudo, quando estamos impacientes e queremos afastar a sensação de estar diante de um estranho, bem como desconforto do desconhecido, partimos então para o que é conhecido. Podemos notar isso acontecendo nas análises também."
[Casement, P. "Aprendendo com nossos próprios erros: para além do dogma na psicanálise e na psicoterapia". Porto Alegre: Artmed, 2004, p.130]